segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Em seixal de cor seca estrelas pousam quase sem roupa

Inicio aqui um ciclo sob o signo de Manoel de Barros o poeta do pantanal. Os títulos são extraidos dos poemas dele com a devida vénia.

Procuro a relação entre percepção e mundo, procuro como quem caça...num ramo quebrado, na pégada imperceptivel, no cheiro do vento, na expectativa de compor uma representação feliz com minudências.

Cada um de nós constroi um modelo de percepção da realidade a partir do qual interage com ela: A nossa realidade não é "a realidade".

Quando vim para a Quinta do Monte Virgem comecei a saber os nomes das árvores, dos pássaros e dos animais ínfimos que habitam o solo, debaixo das folhas, entre as árvores que apodrecem, na terra cavada pela enxada. Às vezes mergulhava nesse mundo como se lhe pertencesse e isso chamou-me para o infinitamente pequeno. Comprei um microscópio. O mundo do microscópio desiludiu-me: Era como ir ao cinema, pior do que ir ao cinema, via um universo distante não estava nele. Estava do lado de cá a observar o lado de lá, era como observar a terra num planisfério. O mesmo se passou relativamente ao telescópio que comprei em saldos num supermercado.